Sociopata Anão

(o pormenor do "Anão" é uma metáfora em relação à minha posição social...) Percebeste seu Ignóbil?!!!

quinta-feira, abril 03, 2008

Breathe deep


Mariposas em Março projectam
em mim uma ansiedade de Abril
Um sentimento fluido como um segundo
num fio de pensamento

Fazem tudo mais parecer parado
num passado/futuro
embrulhado em calmo diluvio
em laranja boreal

O mundo lá gira ainda
à minha volta que lugar
este
que abriga tantos outros como ele

Mas nada resiste ao apelo
ao cintilante ruído de uma alma latejante
de um coração cansado
Não se foge a traços ideais
à ausência de pontos cardeais

À sombra do sol aspiro sonhos
toques e triviais perguntas
sobre um e o outro
sobre tudo um pouco

sexta-feira, janeiro 25, 2008


Eterno efémero pelo dedo,
um longo caminho de metamorfose,
para o definhar do corpo
em traços pintar a celulose.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Lá fora os pássaros pensam, voando intermitentes, ter chegado a primavera.
Madrugam, cantando nas suas vozes de pássaros em onomatopeias poéticas;
Cantam as fêmeas em piar baixinho ao investigar seu ninho,
Cantam os machos em odes esteticas de vaidade.
Lá fora há pássaros que, voando intermitentes,
Desenham o cerco do seu habitat
O seu lugar-casa onde vivem a sua vida.
No pequeno jardim-mundo também se sonha em migração
Sonham os pequenos ainda antes de chocar,
sonham os adultos que duvidam por vezes -
"Será este o meu lugar?"- casa de todos
Os pássaros livres onde se alcança a efémera faísca da vida.
Lá, fora das gaiolas que os relegam ao hades
Os pássaros vivem no paraíso,
No seu estender de asas precipitando-se sobre o abismo
Diário
Milenar
Eles podem voar
Mas para certos pássaros o paraíso é lugar-comum

quarta-feira, janeiro 09, 2008

À beir a mar


À beira mar dois passos seguiam ritmados
pelo vento que lhes dava o suficiente
À beira mar os dois passos molhados deixaram passados
que também foram eles
Os passos passados não são tão molhados como os do presente,
mas moldar o passado não é coisa de passos, é coisa de gente
Os passos seguiram molhados, o vento cessou
Um passo avançou. O outro estagnou
ao ver os passos desencontrados que a maré apagou

domingo, dezembro 16, 2007

say what?

O texto é tudo. O texto sou eu que compreendo, só eu, na imensidão de significados e ambiguidades.
Ao meu texto eu dedico palavras de todos os tipos, palavras que não o são e palavras que só a mão pode ter escrito.
Não me embrulhem a ciência nem procurem extorquir algo de coerente.
O meu texto é o meu mundo, é ruína, é escuro, cheira mal, é silencioso e é sobretudo meu. Ninguém o leu.
O texto pode ser um momento a sós ou ciência.
O escritor é que só pode escrever e não pensar.

quarta-feira, outubro 24, 2007

I ain't happy, i'm feeling glad.


Tears that complement my smile

again running wild down my face,

while thoughts that never leave me

lead me again to a turtle race


Well nice to meet you,

Can you help me?

I need rescue from a strange, unfamiliar face

the one that wears no mask but one


Tears that dry out my eyes

taking the smile away

from the strange, unfamiliar face

Where i seek rescue in my own way


The turtles convinced themselves they're rabbits

Ran into the slaughter's house

leaving only a thousand shells

soulseeking souvenirs that surround the lonely

maskless man


Left alone i shatter, hate and suffer.





sexta-feira, junho 15, 2007

ancient well

Sometimes you wake up and in three seconds or just about it
blue feelings strike into your head and chest...
How hard it is to breathe when it comes?
How hard can it be, When it leaves? you.

Do you know that feeling?

Blue is not dark and i've never been Blue, are you aware of your well?
is it Blue?
it's so dry, it's so empty when i'm awake...
I need to see in black and white only and suck the fucking air with the magic and colorless smoke that inspires me to live!
Sometimes i fall asleep.

terça-feira, março 27, 2007

Papa cerebral!

Sofrer ao segundo, parado em imensidão.
Canta em choro miúdo o bem quente chão.
Também ele muda no cruzar das gentes.
Muta, aliás. Como quem dos olhos alheios rouba atenção,
roubamo-lo em partículas que viajam coladas na reflexão.
Vamos por onde nos leva levando-o para onde vamos.

sábado, janeiro 20, 2007

Luzes de Silêncio


No corredor escuro passou um jovem cantarolando. Empurrou a porta, saindo para o terraço. Estava só e algo o perturbava. Sentou-se num parapeito e observou a cidade anoitecer.
Pela primeira vez na sua vida não sentia medo, sentia sim uma grande certeza do que queria fazer na vida. Com lágrimas no rosto ergueu-se no parapeito na posição de “Cristo”. Ali permaneceu a rir, a chorar, lembrando-se da solidão do passado.
Na base do mesmo prédio, um homem fazia o seu turno de segurança com um cigarro na boca e uma lanterna na mão. A rua estava escura, apenas os raios saindo da sua lanterna destapavam o breu provocado por um corte geral de energia na cidade. A um ritmo lento fazia a ronda, no único momento da sua vida em que se sentia vivo. Analisava cuidadosamente qualquer sinal de possível perigo, fazia jogos psicológicos em que apareciam gangs armados, prontos a matá-lo por dívidas de jogo, lavagem de dinheiro ou até mesmo tráfico de droga. Naquele dia, no entanto, pensava apenas em entrar e abrigar-se do frio, mentindo a si próprio sobre o medo do escuro. Antes de entrar no prédio olhou para cima e viu alguém em cima do parapeito, de imediato correu para o elevador, mas o elevador estava a funcionar apenas com o gerador de reserva do Hotel, portanto, preferiu subir as escadas. Chegado lá acima o homem arfava como um obeso na maratona. Empurrou a porta decidido, mas sem assustar o jovem que reparou estar no parapeito.
- Jovem! – Disse.
- Sim... Boa noite, como vai? A família vai bem? Que bom, então adeus, boas férias! – Disse o jovem sem se mexer um centímetro que fosse, mas numa voz extasiada.
- Boa noite, o meu nome é Álvaro. E não, a família não vai bem. A família é de um, e estou de serviço neste preciso momento. – Disse Álvaro com enorme tranquilidade.
Apercebendo-se que o jovem não responderia Álvaro tentou aproximar-se dele, lentamente.
- Oiça Álvaro, não dê nem mais um passo. Não comece com discursos da treta, e sobretudo, não pense que eu estou aqui a pensar em atirar-me. – Disse o jovem, agora gritando a plenos pulmões.
- Oh... Nada disso, apenas queria saber o seu nome, não estava a pensar que iria saltar...
- Eu não estou a pensar nisso, eu vou mesmo, já o havia decidido antes de chegar cá acima. O meu nome é Alberto, e estou a ter o melhor dia da minha vida. – Disse o jovem voltando ao tom eufórico, interrompendo Álvaro.
- Mas Alberto, isso não é solução. Eu sei o que é ter a tua idade, estar só, e garanto-te que acabar com tudo não resolve nada. – Disse num tom sensível.
- Eu não procuro solucionar nada, nem ajuda. Estou realmente só, aí concordo contigo. Mas como já te disse o dia de hoje foi o melhor... Não quero estar cá para amanhã, onde vinte desgostos fazem fila para atropelar o meu destino. Não conseguiria aguentar. Prefiro ir hoje que posso sonhar... – Disse Alberto, virando-se pela primeira vez, estando agora frente a frente com Álvaro.
- Talvez não entenda totalmente o teu raciocínio, mas estar só é a minha realidade. Posso dizer-te que procurei ajuda e que a minha vida melhorou consideravelmente.
- Não quero viver consideravelmente, quero libertar o meu ser deste corpo. Que diferença me faz se pago a uma pessoa para me ouvir. Quem me importa abandonou-me sem nunca ter saído do meu lado.
- Mas tens de levar as pessoas a perceber o que se está a passar, nada é tão mau que não mude. Até as pedras mudam na sua teimosia eterna.
- Tens razão, algumas coisas mudam, nunca pensei que este meu último momento fosse partilhado. E, por isso, foste realmente um amigo... – Com lágrimas no rosto, deu um passo atrás e deixou-se cair.
- Não, não o faças... – Disse Álvaro tarde de mais.
Acercando-se do parapeito, com lágrimas no rosto, Álvaro olhou para o corpo estatelado lá em baixo. Subiu para o parapeito e colocou-se na mesma posição de Alberto há alguns minutos. Fechou os olhos e pensou se seria cobardia da sua parte refugiar-se na rotina para sobreviver à solidão, se a solução era mesmo desaparecer. Nunca teve coragem para se matar, embora muitas vezes caísse num estado de profunda depressão. De qualquer forma, este não era o caso. O jovem com quem conversou minutos antes motivou-o. Não a atirar-se, mas a perceber que podia controlar o seu próprio destino. Alberto escolheu morrer, o Álvaro escolheu viver. Não o tipo de vida desprezível que levava antes, não a entregar-se à mercê do acaso, mas a «viver».
Basta de sobreviver! – Pensou. As luzes da cidade acenderam-se de novo fazendo ecoar o bulício da cidade uma vez mais.

«E uma terra sem flor e uma pedra sem nome Saciarão a minha fome.» José Régio in “Poema do silêncio”

quarta-feira, janeiro 03, 2007

AMOTE


Que sentido tem Amor, sem alguém para ser Amado
Seria ignóbil um plural... Quem se terá, portanto, lembrado?
Hifenizar a Palavra AMOTE é um ultraje e é escusado.
Que vento passa nos lábios que mais belo e mais velado?